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Práticas restaurativas na volta às aulas: depoimento de uma mãe

Comportamentos desafiadores quase sempre escondem um pedido de ajuda!

A maneira que os professores processam e respondem aos comportamentos que aparecem em suas salas de aula é muito importante.

É preciso reconhecer quando os alunos estão demonstrando que têm dificuldades relacionais ou que têm necessidades não atendidas e saber como ajudá-los.

A forma como os professores apoiam ou não os alunos que pedem ajuda será determinante para o futuro destes jovens seja em termos de aprendizagem, seja na relação aluno-professor ou na relação entre os pares.

Na maioria das vezes os professores estão preocupados em vencer o conteúdo, dominar a turma cada vez mais agitada e não conseguem estar presentes para identificar os sinais de quando um aluno está precisando ser acolhido.

O mais fácil e comum é transferir o problema, mandar para a direção, chamar os pais, rotular o aluno que precisa ajuda como aluno difícil…

Alunos com necessidades relacionais não atendidas geralmente se manifestam de várias formas:

❤️ buscando atenção constante do professor, de forma positiva ou negativa, na maioria das vezes em forma de contestação, insubordinação ou displicência;

❤️ usando palavras que parecem pessoalmente ligadas ao professor como adjetivos ou apelidos depreciativos;

❤️ chamar o professor frequentemente ao longo da aula pelos motivos mais variados e na maioria das vezes desnecessariamente;

❤️ apatia, desinteresse, falta de atenção;

❤️ evasão, faltas frequentes e não justificadas, dores de cabeça, de barriga ou enjoos.

Como você reage com seus alunos quando percebe esse comportamento?

Existe alguma coisa que você pode fazer diferente daqui para frente?

Você acha que as práticas restaurativas podem ajudar no manejo destas dificuldades?

É preciso compreendermos que crianças e adolescentes têm dificuldades na regulação emocional e vergonha de se mostrarem vulneráveis e por isso não conseguem expressar com assertividade as suas emoções e necessidades.

Chamar os pais é necessário é indispensável mas se o professor não estiver consciente de que o comportamento reflete um pedido de ajuda para engajar a família no manejo  restaurativo, a tendência vai ser a família exagerar na cobrança através de ameaças e ou castigos para que o comportamento do aluno melhore e amenize a vergonha e o fracasso que os pais sentem ao serem chamados à escola.

Sim, as famílias também se sentem envergonhadas e vulneráveis ao perceberem que a escola não os chama para jogarem juntos o jogo restaurativo de responsabilidade mútua. A escola joga o jogo da culpa, transfere o problema e lava as mãos.

Em uma pedagogia restaurativa cabe à escola e aos professores a iniciativa de reconhecer e estar presente para oferecer espaços de escuta e acolhimento para alunos e famílias. E os círculos de construção de paz são uma excelente metodologia para o manejo coletivo destas situações, sem prejuízo das práticas restaurativas informais para abordagens mais individualizadas como:

  • as declarações afetivas,
  • reuniões informais para escuta e
  • acolhimento.

Este artigo é uma súplica de uma mãe que vivenciou tudo isso ano passado e não encontrou acolhida. De uma mãe restaurativa que se sentiu impotente, por vezes fracassada e envergonhada, mas que não desiste de estudar e de sonhar com uma escola mais humana e que respeite todos os alunos que pedem e precisam de ajuda independente do CID (classificação internacional de doenças)!

(Texto de Carla Grahl)