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Proteja-se do assédio moral no ambiente de trabalho: Conheça medidas preventivas e práticas restaurativas

Hoje, 02.05, é o Dia Nacional de Combate ao Assédio Moral, uma data importante para conscientizar, prevenir e combater a violência psicológica ou física no ambiente de trabalho. O assédio moral se caracteriza por atitudes abusivas repetitivas que afetam a dignidade do trabalhador, como xingamentos, apelidos desrespeitosos, isolamento, exigência de metas desproporcionais, espalhar boatos, dificultar promoções entre outras.

Geralmente a situação de assédio parte do superior hierárquico e vitima o subordinado, mas isso não é uma regra, pois também pode ocorrer entre colegas ou mesmo partir dos subordinados contra a chefia. Independentemente de como ocorra, o abuso traz sérios danos à saúde ao assediado e também àqueles que convivem com ele, como os colegas de trabalho, os familiares e os amigos.

Várias enfermidades podem ser desencadeadas, a depender da intensidade e frequência da violência e das pessoas envolvidas, como:

  • depressão,
  • insônia,
  • diminuição da capacidade de concentração e memorização,
  • irritabilidade constante,
  • baixa autoestima,
  • aumento de peso ou emagrecimento exagerado,
  • aumento da pressão arterial,
  • inflamação no estômago,
  • palpitações,
  • tremores e
  • síndrome de burnout.

Em casos severos, pode levar ao suicídio. O assédio não prejudica apenas a saúde do trabalhador, mas também afeta negativamente o clima institucional, a produtividade e a imagem da empresa/instituição.

A prevenção do assédio nos ambientes laborais passa pela informação (promoção de palestras, oficinas e cursos sobre o assunto) e pelo incremento de uma comunicação assertiva.

Quando as pessoas se comunicam de maneira clara e direta, reduz-se a possibilidade de mal-entendidos e conflitos, o que pode ajudar a evitar comportamentos abusivos. Uma comunicação sem julgamentos que valorize as necessidades e sentimentos de todos incentiva o respeito mútuo e a empatia criando um ambiente de trabalho mais harmonioso e acolhedor.

A prevenção passa, também, pela criação de espaços seguros de diálogo onde se possa discutir abertamente sobre o tema e seus impactos nas relações de trabalho. Um espaço onde as pessoas se sintam à vontade para falar sobre suas experiências sem medo de retaliações. Um espaço onde as vítimas possam se sentir acolhidas e recebam apoio emocional e também um espaço de conscientização sobre os danos advindos destas condutas violentas, a fim de que não se perpetuem.

Os círculos de construção de paz, cada vez mais utilizados na gestão de pessoas, podem ser fundamentais para que essas conversas aconteçam e para a criação de uma cultura organizacional não violenta, que valorize o respeito e a dignidade de todos os trabalhadores, tornando o ambiente laboral mais seguro e saudável.

Segurança psicológica no ambiente laboral é sinônimo de efetividade.

Quando o ambiente de trabalho é leve e seguro, quando os colaboradores têm espaço para serem eles mesmos, quando há conexão e pertencimento, apoio e cuidado, isso possibilita que exerçam melhor as suas funções e com melhores resultados.   A inserção na política de gestão da empresa/instituição dos valores e princípios da justiça restaurativa, do processo justo, do estilo relacional de liderança restaurativo (fazer com os outros)  podem ser fundamentais para a criação de uma cultura organizacional não violenta, que valorize o respeito e a dignidade de todos os trabalhadores.

Além destas medidas existem outras que podem ser tomadas para combater o assédio no ambiente de trabalho: criação de um canal de denúncias, treinamentos e capacitações para gestores e funcionários sobre o tema, a fim de identificar comportamentos abusivos e prevenir a ocorrência de novos casos; estabelecimento pelas empresas/instituições de políticas claras de combate ao assédio moral, com responsabilização para os agressores e medidas para proteger as vítimas.

Você já passou ou conhece alguém que já sofreu situação de assédio no trabalho? Acredita que as práticas restaurativas podem contribuir para o enfrentamento desta questão?

(Texto: Carla Grahl – idealizadora do @entre.círculos)