Como a polarização afeta as nossas relações?
Quase ninguém admite ser um radical. E mesmo assim essa linha de pensamento político nunca penou por falta de adeptos. O motivo? Quem explicou melhor não foi nem um sociólogo, nem um filósofo, muito menos um político. Foi um humorista: John Cleese, do Monty Python:
“A gente tem ouvido muito sobre extremismo recentemente. O clima está duro, agressivo: muito desrespeito e pouca empatia”, ele diz:
– O que nunca se ouve por aí é sobre as vantagens de ser extremista.
E a maior delas:
– é que o extremismo faz você se sentir bem. Ele te proporciona inimigos. E com inimigos você pode fingir que toda a maldade do mundo está neles, enquanto toda a bondade reside, claro, em você.”
O excesso de polarização compromete todas as nossas interações. Em uma sociedade concentrada em dois lados radicalizados em que adversários são vistos como inimigos, o diálogo não é incentivado – ou mesmo é condenado – e transgredir as regras parece justificável. Quem procura se manter fora desses dois grupos, apresentando outras visões e ideias, ou mesmo quem defende que ambos os lados têm suas falhas e virtudes, é tratado como “isentão”. As alternativas que fogem às duas apresentadas acabam sendo invalidadas.
Este comportamento gera estagnação. Ideias fixas não proporcionam crescimento e com isso, além de não evoluirmos enquanto sociedade, também nos desconectamos uns dos outros.
A boa notícia é que é possível diminuir a polarização!
Existem práticas que podemos adotar para o estabelecimento de um diálogo saudável, para exercitarmos a tolerância e a empatia com os que pensam diferente.
Autoconhecimento, abertura para a mudança, flexibilidade de pensamento, reconhecer nossas vulnerabilidades são algumas dicas na esfera intrapessoal que dizem respeito a nós, a nossa visão de mundo e ao nosso funcionamento interno.
Respeito às diferenças, tolerância, empatia, busca por valores comuns, abandono do maniqueísmo, dialogar ao invés de debater são as dicas que precisamos exercitar na esfera interpessoal.
Bom lembrar que o diálogo é um lugar de criação de consciência e de compartilhamento de significado. Dialogar não é a busca da uniformização do pensamento. É um lugar onde aprendemos a pensar junto, ainda que diferentemente se necessário; apesar das diferenças, estamos juntos.
E os Círculos de Construção de Paz é uma metodologia de diálogo que cria um espaço seguro e respeitoso para o exercício destas competências.
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