Os círculos de construção de paz são processos dialógicos horizontalizados, colaborativos, que oportunizam o compartilhamento de histórias com vistas à identificação e à compreensão de necessidades e dinâmicas subjacentes às relações, a partir de uma ideia de interconexão e ecologia profunda: relações consigo mesmo, com o próximo, com a sociedade, com o planeta.
Os círculos possuem suas raízes em práticas de sociedades ancestrais, pré-modernas, tendo sido modelados principalmente por Kay Pranis e Carolyn Boyes, na década de 1990, a partir do contato de Pranis com as práticas de Justiça Restaurativa desenvolvidas, naquela época, no Canadá, com influência cultural das Primeiras Nações e sistematizada pelo então juiz Barry Stuart, na Província de Yucón.
Os círculos buscam, prioritariamente, a construção de um espaço seguro e corajoso para a partilha de histórias e a busca de ressignificação das relações, de danos, vivências traumáticas, conflitos, bem como construir consenso, estabelecer metas, reverenciar situações positivas, celebrar, tudo a partir de uma atmosfera respeitosa, viabilizada por pressupostos, valores e diretrizes, sendo essas últimas pactuadas.
O método é estruturado com base nos princípios e valores das práticas restaurativas e podem ser utilizados nos mais variados contextos e espaços sociais, como no Poder Judiciário, escolas, comunidades, organizações, instituições públicas, entre outros.